quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Comerciantes do Bom Retiro promevem boicote aos cartões


Centro comercial causa grande insatisfação aos clientes recusando-se a aceitar cartões de débito ou crédito
O centro comercial do Bom Retiro, para infelicidade dos consumidores, está em perfeito desacordo com as instituições de cartões de crédito. Há cerca de seis meses a recusa em aceitar cartões de débito e crédito vem aumentando gradativamente. Comerciantes promovem boicotes aos cartões devido às altas taxas de serviços. A maioria das lojas do centro comercial mais movimentado de São Paulo recusa-se a aceitar cartões de débito ou crédito e as poucas que ainda aceitam o meio de pagamento eletrônico, estipulam valores mínimos de gasto que vão de R$ 50,00 para cartões no débito e R$ 100,00 para cartões no crédito. Foram feitas diversas especulações, mas os donos dos estabelecimentos comerciais não comentam o assunto.  

 Para facilitar a desagradável informação aos consumidores, diversos avisos são colocados na entrada e vitrines principais das lojas. Na loja Malagueta, uma das mais movimentadas da José Paulino, podemos ver grandes placas que alertam o consumidor, “Não aceitamos mais cartões. Favor não insistir”.

Segundo declaração de uma gerente de loja, que só aceitou falar na condição de não ter seu nome identificado, “As taxas cobradas pelas operadoras dos cartões são caras. Quando chega a época de liquidação, deixamos de pegar, porque a maioria das peças é vendida a R$ 20,00, e alguns comerciantes a partir daí param de vez. Depois que um faz isso, os vizinhos vão atrás”.

Tal boicote não serviu de intimidação às operadoras de cartões. A MasterCard simplesmente não se manifesta, não respondeu às críticas. Em quanto isso, a Visa só diz que as porcentagens são compatíveis com os serviços prestados e mais nada. Já declaração de Ronaldo Agineu, economista de ACSP (Associação Comercial de São Paulo), que não condiz com determinadas operadoras, “Sempre há muita reclamação quanto às taxas, que giram em torno de 4% a 5% dependendo do segmento. O problema atinge mais os pequenos que não possuem poder de barganha para negociar. Periodicamente, aparecem movimentos de protesto localizados, os quais não conseguem resistir por muito tempo por causa da concorrência”.
Vitor Kwon (proprietário da Jinane) que aceita cartões, mas não quer mais recebê-los diz, “Fica difícil, a margem não suporta”.

Com isso, a circulação dos cheques aumentou, o que não gera segurança alguma aos comerciantes, apesar de dados estatísticos da Serasa afirmarem queda nas devoluções de cheques sem fundo. Segundo estatística de 2007, de cada mil cheques compensados, 19,5 foram devolvidos por falta de fundos, número 5,8 % menor do que em 2006. A medida provisória das lojas é a troca das maquinetas eletrônicas de cartões pelo sistema de consulta direta ao Serasa com máquinas que preenchem e conferem autenticidade. Exige-se cadastro, consultam-se informações pessoais com os terminais dos serviços de proteção ao crédito. Paulo Machado (proprietário da rede de lojas Gaspari) diz não se assustar com cheques sem fundo, “Estamos protegidos”.

Diante de tal situação, podemos ver a maioria dos consumidores muito insatisfeitos. Reagem negativamente às exigências das lojas. Declarações da Sra. Julieta Mendonça, costureira que vai à Rua José Paulino sempre que visita São Paulo, “Em pouquíssimas lojas conseguimos usar cartão, fica difícil assim para nós consumidores. Nos shoppings, ao contrário, há parcelamento em até quatro vezes sem juros”. Já Dona Izelte Borges, com a filha Bárbara, corria uma agência de banco a fim de sacar dinheiro, pois não trabalha com cheques e negando-se a sair com quantias muito altas em dinheiro dizia, “Viemos do ABC para comprar um vestido de festa, mas, apesar do alto preço, R$200,00, não pudemos pagar com cartão. Absurdo, ninguém sai com bastante dinheiro na carteira hoje em dia”.

De acordo com declaração dos comerciantes, os mesmos esperam que em breve esta situação seja resolvida. Enquanto isso, quem sofre as consequências são os consumidores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário